terça-feira, 8 de março de 2011


O QUE O TEXTO ME DIZ?



          Caro leitor, o primeiro passo da leitura orante, já mencionado no texto anterior, nos favorece uma compreensão da palavra na realidade do ontem como também do entendimento da mensagem de fé que recebemos à luz da Tradição da Igreja. Este segundo passo que é a meditação, nos faz passar da compreensão geral da palavra para a realidade do eu em que nos situamos hoje. Assim poderíamos fazer as seguintes indagações ao meditar a palavra: o que a palavra de Deus me faz refletir dentro da realidade em que me encontro hoje? O que Deus quer de mim através desta palavra?
          A meditação nos faz ruminar, mastigar e digerir a Palavra de Deus para que à luz do Espírito Santo compreendamos a vontade do Pai, confrontando o texto sagrado com a nossa vida. A Palavra nos possibilita olharmos dentro de nós mesmos para revelar quem de fato nós somos. Se ela não produz esse efeito, como podemos entender o que Deus diz para nós? “Pela meditação ou ruminação, a Palavra de Deus vai entrando aos poucos, vai tirando as máscaras, vai revelando e quebrando a alienação em que vivemos, devolvendo-nos a nós mesmos, para que nos tornemos uma expressão viva da palavra ouvida, meditada e ruminada” (Leitura Orante da Bíblia, p. 24-25).
          Ainda se percebe muito, principalmente, na meditação da palavra feita comunitariamente que a reflexão dos participantes se desdobram em torno do “nós”, enquanto que o “eu” é pouco mencionado. É claro que isso acontece, principalmente, por falta de orientação e instrução, contudo, fique claro que embora a meditação seja feita em comunidade, a pergunta é feita no singular para a primeira pessoa (eu), por isso se exige uma resposta a partir do eu, isto é, o que a palavra diz para mim.
          No Evangelho de Lucas, Maria aparece como aquela que guarda todos os acontecimentos em seu coração e os medita. “Maria, contudo, conservava cuidadosamente todos esses acontecimentos e os meditava em seu coração” (Lc 2,19). Estas são atitudes de quem ama verdadeiramente a Deus, pois como disse Jesus: “Se alguém me ama, guardará minha palavra” (Jo 14,23).
          Portanto, “A meditação nos ajuda a descobrir o sentido espiritual, isto é, o sentido que o Espírito de Deus quer comunicar hoje à sua Igreja através do texto da Bíblia”(Ibid p.26). Então, que através da meditação da Palavra de Deus possamos discernir o que Deus quer de cada um de nós em particular, para que correspondamos à sua vontade no itinerário de nossa vida cristã.



FONTE
CRB. Coleção Tua Palavra é Vida: A Leitura Orante da Bíblia. São Paulo: Loyola, 1990.



Seminarista Joel Teixeira Araújo
Diocese de Brejo-MA
2° Ano de Teologia
São Luís - MA, 08 de março de 2011


terça-feira, 1 de março de 2011

LEITURA ORANTE: O que o texto diz?



           Na coleção Tua Palavra é Vida a “Lectio Divina” é entendida como a leitura crente e orante da palavra de Deus, feita a partir da fé em Jesus Cristo...”(p.16) é uma proposta apresentada, inclusive, no Documento de Aparecida aos cristãos para favorecer uma experiência profunda do Cristo Verbo através da Palavra de Deus. Por isso que “entre as muitas formas de se aproximar da Sagrada Escritura, existe uma à qual todos nós somos convidados: a Lectio Divina ou exercício de leitura orante da Sagrada Escritura [...] Com seus quatro momentos (leitura, meditação, oração, contemplação) a leitura orante favorece o encontro pessoal com Jesus Cristo...” (DA, p. 216 n. 249).
          Não se pode confundir a leitura orante com a leitura corrente. Pois esta última não permite perceber os detalhes dos textos sagrados como também não nos levam a fazer meditação e reflexão, elementos dos quais não podem faltar na leitura orante, para que a oração ressoe nos lábios e na vida de cada um de nós. Os quatro momentos são imprescindíveis na leitura orante e por isso devem ser observados.
          Ora, neste texto comentaremos sobre o primeiro ponto: Leitura - o que o texto diz em si? Antes de tudo é importante que tenhamos cuidado com este elemento para que não interpretemos a palavra de Deus da maneira como pensamos e corramos o risco de fazermos uma leitura fundamentalista, isto é, entendê-la tal e qual como está escrita. Abro este precedente especialmente para aqueles que fazem interpretações errôneas da Sagrada Escritura e que, por conseguinte, não estão em conformidade com o Magistério da Igreja, por isso é importante procurar o bispo, padre ou qualquer pessoa da comunidade que tenha conhecimento suficiente para esclarecer sobre os textos sagrados.
          Segundo Catecismo da Igreja Católica: “O ofício de interpretar autenticamente a palavra de Deus, escrita ou transmitida, foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em Jesus Cristo, isto é, foi confiado aos bispos em comunhão com o sucessor de Pedro, o bispo de Roma” (n.85). Por isso, embora tenhamos acesso à leitura da Palavra de Deus, não podemos interpretá-la de qualquer modo, pois a palavra nos foi transmitida pela tradição apostólica e pelos bispos para que tenhamos uma compreensão reta da mesma.
          O que o texto diz em si é a compreensão universal dos textos sagrados. Mesmo que as realidades sejam diferentes entre continentes, nações, regiões etc., a palavra de Deus recebe a mesma interpretação, pois na verdade, não é a palavra que deve se converter à realidade, pelo contrário, somos nós na nossa realidade que devemos nos converter à palavra, isto é, a Cristo que diz: vem e segue-me!
          A palavra escrita é a fonte para a transmissão da fé, pois não falamos daquilo que pensamos, mas, anunciamos a salvação por meio da morte e ressurreição de Cristo Jesus como consta na Escritura Sagrada e na Tradição da Igreja. Entender o que o texto diz nos remete a adentrarmos verdadeiramente na nossa fé para que também nós sejamos anunciadores, discípulos e missionários da Palavra.
          “O objetivo da leitura é este: furar a parede da distância entre o ontem do texto e o hoje da nossa vida, a fim de iniciar um diálogo com Deus na Meditação” (Tua Palavra é Vida, p.22). Que assim possamos fortalecer a nossa fé através do primeiro passo da leitura orante que é conhecer a Cristo e professá-lo com toda a convicção.



CRB. Coleção Tua Palavra é Vida: A Leitura Orante da Bíblia. São Paulo: Loyola, 1990.
CELAM. Documento de Aparecida. São Paulo: Paulus, 2007
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, São Paulo: Loyola, 2000








Seminarista Joel Teixeira Araújo
Diocese de Brejo – MA
2° Ano de Teologia
São Luís – MA, 01 de Março de 2011